Com a participação de mais de mil atletas, evento arrecadou cerca de R$ 60 mil e uma tonelada de alimentos
Foi difícil conter a emoção na manhã deste domingo, 21 de maio, durante a 1ª Corrida da Apae. Mais de mil atletas, vindos de Brusque e de outras cidades e Estados, participaram do evento, que estimulou a inclusão social através da corrida de rua. Mas, para além da velocidade, no desafio pessoal contra o cronômetro para chegar ao pódio, quem roubou a cena foram mesmo as pessoas com deficiência, participantes e integradas nessa grande festa de superação pessoal.
Realizada pela Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Brusque, em parceria com o projeto Pernas Solidárias, o evento arrecadou mais de R$ 60 mil e uma tonelada de alimentos. Do montante, R$ 54.113,63 será destinado para a Apae e R$ 6.012,62 para investimentos no projeto Pernas Solidárias.
“Além de nos trazer um necessário retorno financeiro, o maior benefício dessa festa é a inclusão. Nossos alunos cadeirantes e demais pessoas com deficiência estão presentes, juntamente com suas famílias. Alguns vão correr com apoio do projeto Pernas Solidárias e, os demais, vão caminhar. Posso garantir que estamos muito felizes com a receptividade da 1ª Corrida, que nos traz motivação para seguir em frente, realizando eventos que favorecem a saúde, o esporte e a inclusão”, avalia o presidente da Apae Brusque, Renato Roda.
O Pernas Solidárias desde 2017 insere pessoas com deficiência em corridas de rua. E para o coordenador do projeto, Teodoro Pereira, essa primeira parceria com a Apae foi muito especial. “Era um sonho não só estar envolvendo a entidade, mas chamando a atenção das pessoas para a causa da deficiência. Em Brusque nos orgulhamos de manter a primeira Apae de Santa Catarina e a segunda instituição fundada no Brasil. Por tudo isso, os corredores de rua entenderam o chamado, assim como os patrocinadores do evento. Estar aqui é viver uma emoção”, expressa Teodoro, que contou com o apoio de atletas do grupo “Correr para Vencer”, na condução de 26 triciclos.
Toda a organização e execução da 1ª Corrida da Apae foi feita pela empresa DTO Sports. Houve entrega de troféus para os cinco primeiros colocados na categoria geral (5km e 10km), masculino e feminino, bem como a classificação por idades, do 1º ao 3º lugar. Os demais atletas receberam medalhas, assim como os inscritos na caminhada de três quilômetros. Agora, o tempo e a colocação já podem ser conferidos no endereço eletrônico www.chiptiming.com.br.
Os campeões
O primeiro a cruzar a linha de chegada na Corrida da Apae foi Ojânio dos Santos, na categoria de cinco quilômetros. Vindo de Balneário Camboriú, ele já é veterano nas corridas de Brusque, as quais disputa desde 2015. Profissional da área, ele trouxe 45 alunos para o evento. “Independentemente da posição, o corredor de rua está sempre disposto a fazer o seu melhor. Mas é uma emoção deixar meu nome registrado nessa história, em um projeto beneficente. Temos que pensar no próximo e, mesmo quem não pode caminhar, tem condição de se integrar ao esporte pelo uso de uma cadeira adaptada, empurrado por outros atletas. É fundamental essa inclusão”, destaca.
Stefani da Silva, também de Balneário Camboriú, foi a primeira mulher a concluir o percurso de cinco quilômetros. Aos 30 anos, ela garante que fôlego de seguir em frente veio dos tantos exemplos de superação que observou antes do início da prova. “Isso me inspirou a correr mais e a não desistir. Isso me fortaleceu durante todo o percurso”, garante.
Ainda nos cinco quilômetros, o atleta Márcio José Appelt, 37 anos, que conduziu David no triciclo do Pernas Solidárias, foi o primeiro a concluir a prova. “É uma emoção muito grande correr com uma pessoa com deficiência. Foi ele quem me deu o gás para correr mais rápido ainda”, revela.
Já na categoria de 10 quilômetros, o vencedor foi Eliel de Oliveira, que veio de Curitiba para prestigiar a prova. “É por uma boa causa e isso nos faz correr com mais disposição. Quando a gente vê uma pessoa com deficiência, ou até mesmo os atletas que se dispõem a conduzir um triciclo, isso é uma motivação maior para nós. A prova estava bem organizada e foi dura, com o segundo colocado sempre muito próximo”, afirma.
Nos 10 quilômetros, Adriana Silva da Rocha representou Brusque no lugar mais alto do pódio. “É difícil descrever em palavras a emoção que a gente sente. Mas inclusão é o que a gente precisa para esse mundo, evoluir e transformar a nossa realidade. Todo mundo merece ser feliz”, enfatiza.
Histórias inspiradoras
Uma das fundadoras do grupo Mulheres de Ferro, Elizete Gianesini Félix, celebrou seus trinta anos como corredora de rua, conduzindo um dos triciclos do projeto Pernas Solidárias. Muito emocionada, ela vibrou do início ao fim da prova. “Hoje estou aqui de coração aberto para servir. Já venci muitas corridas, mas o que estou vencendo hoje é algo muito maior. Nesses 30 anos, a corrida de rua fez muito por mim e pela minha história. Sou grata pelas experiências e é muito especial retribuir”, conta.
Luciana Bertolini, 50 anos, é mãe da Gabriele, de 21, que foi a primeira pessoa com deficiência integrada ao projeto Pernas Solidárias. Hoje, além da filha, seu marido Alaércio, vítima de um derrame e com uma doença degenerativa, também é um dos atletas conduzidos.
“Pai e filha são pura alegria pela oportunidade de participar da corrida de rua. Ela mesmo, nem dorme na noite que antecede a competição. Hoje, pela parceria do Pernas Solidárias com a Apae, nossa rotina está completa. A Gabriele frequenta a instituição duas vezes por semana e está muito feliz de vir até aqui no domingo”, ressalta.
Próxima edição
Ao final do evento, com todos os atletas premiados, a Apae Brusque e o Pernas Solidárias lançaram oficialmente a segunda edição do evento, que já tem data marcada: 19 de maio de 2024.